I'm Dead. But it's OK.

Faz um tempo que me olho no espelho e vejo um semblante cansado. Talvez de sentir. Ontem tocou aquela música que me lembra você. Não, não foi uma daquelas que me lembra o quanto fui otário, e que dá aquela dormência no cotovelo. Foi aquela, que me fez pela primeira vez olhar você e ver a mulher da minha vida, quando eu achava que eu tinha uma. Mas não lembrei a letra. E e solfejo da melodia me fez... cair.

Quis dividir Toblerones no domingo. Quis também alugar um megapack na Estação, e fazer nada como faziamos tão bem. Botar o fone no seu ouvido, e mostrar o quanto é bom o disco novo do Radiohead, só pra ver você fazer aquela cara de que nunca iria admitir. Dizer que a Petrobrás vale mais que a Google, mas que eu continuo falido, e rir disso de um jeito besta, quase recalcado, por trabalhar tanto e continuar no perrengue. Fazer carinho no seu cachorro. Te levar o Nescau pela manhã.

Você fez falta no filme novo do Tarantino, inevitável imaginar você quicando na cadeira em cada cena bizarra (e olha que não foram poucas). Ia te obrigar (fato) a ler Os Supremos, e só descansaria quando você admitisse o quanto é foda. Cortei meu cabelo, e você nem me reconheceu. Mas tudo bem, eu também não consigo mais. Na verdade, percebi que, na chacina capilar que eu cometi, o intento foi de aparar as pontas da minha pessoa. Acho que quando eu ficar careca de vez (o que não tarda) não pensarei mais nisso, pois a metafóra estará perdida (tanto quanto eu agora).

Queria comentar com você aquelas coisas que você fingia gostar de ouvir. E queria fingir que você gostava. Disparar minha metralhadora verborrágica na sua figura, só pra sobrecarregar sua capacidade de compreensão em estados mentalmente comprometidos (voluntariamente). Reclamar do seu decote querendo dizer que na verdade eu achava um tesão em você, mas não acho que, só porque estamos num mundo 2.0, eu deveria compartilhar o seu conteúdo. Queria rir com e do seu irmão mais novo, contar as piadas mais sem graça só pra ver sua cara de inconformada. Queria me conformar.

Não acho justo entrar no mérito físico, acho exposição demais, e você já sabe bem o que eu sinto. Mentir não faz parte do meu repertório limitado de talentos. Mas a saudade daquela chama que ardia em brasa...quisera eu não ter me queimado, pois não teria tal nivelamento, e poderia assim me enganar deliberadamente. E assim pensar, quase que inocente, que isso poderia existir de tal forma sem você...

Tudo foi. E é um pesar sem tamanho que não seja. Queria ser tão legível pra ti quanto é pra mim o que eu sinto. E só então você entenderia, e veria escrito no garrancho que sou ... que ter só você sempre me bastou, que era tudo que eu sempre quis. E de um jeito que nunca quis nada. Mas de querer, a verdade tem é muito pouco de poder. Pedi demais, e recebi demais. Talvez por isso tenhamos deixado cair...

Quebrou.


1 de troco:

Bruno Passeri disse...

Bixo, você mergulhou mesmo dessa vez... Sentimento puro e poesia dura, como duros estão nossos bolsos e corações cansados. Mas deixa estar que dia desses o mundo acaba em barrancos só pra gente morrer encostados... Texto bom bagarai!!!!